Saturday, May 26, 2012

Portugal desilude (ou dá continuidade ao pouco que tem produzido) no penúltimo teste antes do Euro 2012; A exibição razoável de Quaresma e a colocação de Nani a médio ofensivo foram as únicas notas positivas de um encontro onde a selecção voltou a evidenciar a falta de qualidade no meio campo (Moutinho e Micael acrescentaram zero em termos de posse, construção e criatividade) e os problemas ao nível da presença na área

Portugal 0-0 Macedónia

Portugal cedeu um decepcionante empate sem golos perante o número 98 do ranking da FIFA, na penúltima partida de preparação para o Euro 2012. Tal como em 2010 frente a Cabo Verde (0-0), a selecção nacional realizou uma partida pobre e sem grandes ocasiões de golo, pelo que o 0-0 encaixa bem no placard. Voltamos a referir que, com a excepção dos encontros frente à Espanha, Dinamarca e Bósnia, a selecção de Paulo Bento tem apresentado um nível bastante baixo, suficiente para levar assobios no final da partida de Leiria. Portugal jogou devagar, devagarinho, sendo que Quaresma (apesar dos assobios) foi um dos menos maus. A opção em colocar Nani no meio do terreno (no Sporting começou como médio ofensivo) poderá ser interessante, tendo em conta a falta de criativos nessa zona do terreno da selecção nacional. Tendo em vista o forte grupo B do Europeu e o facto de Portugal ter um meio campo que não acrescenta quase nada em termos de construção e criatividade, seria melhor Paulo Bento apostar no rigor defensivo e nas transições ofensivas.

Quanto à partida, um jogo de fraco nível, com poucas ideias, perante uma Macedónia que tentava espreitar a qualidade de Pandev e que ficou bastante satisfeita com o empate. Portugal entrou a jogar devagar e apenas criou perigo através da meia distância. No primeiro tempo, Cristiano Ronaldo rematou por duas vezes perto da trave (ambas de livre), outra perto do poste, enquanto que Quaresma e Moutinho também testaram a baliza de Bogatinov. No segundo tempo, Portugal teve uma entrada mais forte, mas sem por em causa o marcador de jogo. Pelo contrário, a Macedónia respondeu com as duas melhores ocasiões de golo. Primeiro Ibraimi rematou cruzado perto do poste e, depois, Sikov cabeceou por cima, completamente sozinho na pequena área. O tempo foi passando e Paulo Bento foi trocando jogadores, contudo, os suplentes pouco acrescentaram ao jogo português. A selecção nacional raramente entrou na área macedónia em boa situação para rematar, os cruzamentos eram facilmente interceptados e não restavam outras opções que não os remates de meia distância. Finalmente, no último minuto de jogo, Nelson Oliveira ganhou espaço à entrada da área, mas Bogatinov defendeu com dificuldades o remate do avançado português. 

Destaques:

Paulo Bento - Mais uma exibição pobre, das piores da selecção nos últimos tempos (esta ideia até tem sido frequente o que não deixa de ser preocupante, aliás à excepção dos duelos diante da Espanha, Dinamarca e Bósnia, foi mais do mesmo). Apesar de ser um jogo amigável (é normal a falta de intensidade), não se percebe a falta de ideias, mecanismos de jogo e soluções no capítulo ofensivo (acreditamos que no Euro o nosso futebol baseado em transições ofensivas vai resultar, mas nesta fase era importante apresentar mais futebol e principalmente ter um plano B...o que claramente não acontece). Claramente um fraco teste, onde apenas os 20m que deu a Nani no meio campo (uma ideia que deve testar mais vezes) foram o único aspecto positivo. Na frente continua a faltar uma referência, mas nesse capítulo as opções são nulas, agora no miolo quando se deixam elementos como Manuel Fernandes e André Martins de fora, é porque temos melhor (o que não parece ser o caso). 

Moutinho + Micael = zero em termos de posse de bola, zero em termos de construção, zero em termos de transporte, zero em termos de criatividade. Uma dupla limitada e que não acrescenta nada em termos ofensivos à nossa selecção. Todo o jogo de Portugal acabou por estar condicionado pelo pouco que Moutinho e Micael acrescentaram. 

Cristiano Ronaldo - Tem de dar muito mais à selecção. Exibição pouco conseguida, mas ainda assim foi o elemento português que mais rematou e um dos poucos a contrariar a falta de soluções ofensivas. 

Macedónia - Demonstrou organização defensiva, e Pandev com a sua capacidade de decisão foi um duro obstáculo para a defensiva portuguesa. A selecção de Toshack inclusive saiu de Leiria com a certeza que criou as 3 melhores oportunidades de golo do encontro. 

Rolando/Bruno Alves - Mesmo perante um adversário inofensivo falharam (principalmente o central do Zenit) em termos de posicionamento e permitiram que a Macedónia criasse algumas situações ofensivas (valeu a falta de pontaria do adversário). 

Veloso/Postiga - O médio não está no melhor momento em termos de confiança (nos últimos tempos não foi titular no Génova e isso depois acaba por se reflectir). Decidiu mal em vários situações e foi pouco intenso na recuperação de bola; Já o avançado, em 63m só apareceu em duas ocasiões. Numa ganhou uma falta e na outra fez um remate disparatado (muito pouco...no entanto, verdade seja dita, nunca foi servido). 

Coentrão - Deu profundidade ao seu corredor, mas falhou em termos técnicos. Uma má recepção fez com que tivesse desperdiçado a melhor oportunidade de Portugal, e noutros movimentos ofensivos raramente decidiu bem no capítulo do passe. 

Quaresma - A melhor exibição de Portugal (longe de ser uma boa exibição). O único a tentar desequilibrar e que desequilibrou, o que teve mais bola, e o elemento mais activo em termos ofensivos. 

João Pereira/Nani - O lateral, depois de Quaresma, protagonizou a melhor exibição lusa. Deu profundidade, deu linhas de passe, apresentou um bom envolvimento ofensivo (muitas vezes os seus movimentos não foram respeitados pelo ala) e um bom poder de decisão. Já o jogador do Man Utd (Portugal depende dele no Euro 2012 caso queira ir longe) foi testado a médio ofensivo, e em poucos minutos deu mais dinâmica que Moutinho e Micael. Claramente uma opção a dar continuidade no futuro.