Aproxima-se o término oficial da época a nível de clubes, e consequentemente, a abertura do mercado de transferências está também cada vez mais perto. Neste defeso, à semelhança do que já tem acontecido nas derradeiras temporadas, Portugal será o país mais apetecível para os "tubarões" europeus, mas não só, clubes de segunda dimensão europeia, não deverão também deixar fugir boas oportunidade de negócio. As dívidas são muitas, os juros a pagar também (por exemplo, é dito que o SL Benfica necessita de vender todos os anos um jogador, para pagar os 20M€ de juros), os próprios jogadores vão demonstrando a ambição de disputir ligas com maior visibilidade, pelo que a Liga ZON-Sagres é por muitos usada como um trampolim. O nosso campeonato é excelente para os jovens sul-americanos darem os seus primeiros passos na Europa. A língua falada é semelhante, a comida é boa, e as condições climatéricas são agradáveis, o que permite uma melhor adaptação a um novo continente. Facto semelhante acontece com os jogadores africanos, que maioritariamente apostam no campeonato francês, para princípio de uma aventura europeia. Hoje em dia, inclusivamente futebolistas de campeonatos como o holandês, já olham para a Liga ZON-Sagres com outros olhos, já a consideram um campeonato superior à Eredivisie, o que pode ser explicado pelo quinto lugar ocupado pelo nosso país no ranking da UEFA, motivado pelos bons resultados recentes alcançados pelas nossas equipas, nas competições europeias. Algo extremamente importante, e decisivo na aposta em jogadores a actuar em Portugal, reside no facto dos nossos jogadores auferirem salários baixos comparativamente com a média europeia, o que leva a que os grandes clubes europeus prefiram investir 25/30M€ em Gaitan, do que 15M€ no Sneijder por exemplo (o prémio de assinatura e as comissões não podem também ser descartados). O jogador proveniente do campeonato português apresenta neste momento o "rótulo" de caro, mas de qualidade (R. Carvalho, Simão, Nani, e mais recentemente, Ramires, David Luiz e Lisandro). Além de que a motivação e o empenho em abraçar um novo projecto (não querendo colocar em causa o profissionalismo de ninguém), poderão levar a que jogadores de campeonatos teoricamente inferiores, apresentem uma maior vontade de aprendizagem e de interiorização de novas ideias, do que alguém com maior estatuto. Posto isto, Patrício, Hulk, Gaitán, Álvaro Pereira, João Pereira, Neto, entre outros, podem ter feito a despedida do campeonato português no passado fim de semana. Futebolistas com bastante mercado, não rejeitarão uma boa oportunidade (financeira e/ou clubística), de na próxima temporada vestirem outras cores. Inclusivamente os próprios clubes verão com bons olhos, a realização de transferências que lhes permitam arrecadar dezenas de milhões de €, para saneamento de dívidas e posteriores investimentos. Além dos citados, que outros jogadores poderão rumar a outros campeonatos? Que valores podem encaixar Braga, Sporting, Benfica e Porto em vendas de activos neste defeso? Qual o valor de mercado dos elementos citados? E por onde passa o seu futuro? Pondo-se o leitor na pele de um jovem jogador fora do continente europeu, escolheria o campeonato português para iniciar a aventura na Europa?
A. Carvalho