No passado domingo, durante os festejos do 26º título da história do FC Porto, todo o país presenciou algo...raro. Com a conquista de mais um campeonato, todos os jogadores tiveram direito a aplausos, inclusivamente os que foram alvo de críticas ao longo da temporada, ao passo que Jorge Nuno Pinto da Costa, em virtude da sua chegada "anormal" ao Estádio do Dragão, foi completamente "engolido" pela multidão, numa recepção digna do melhor jogador da história do clube.
A comprovar essa mesma raridade, tivemos em oposição, a situação de Vítor Pereira. É antes de mais um treinador campeão (ou até bicampeão se tivermos em conta o seu percurso como adjunto de André Villas-Boas). Porém, é também um treinador que se encontra longe, muito longe de reunir o consenso desejável, e necessário, no seio dos adeptos portistas. Para uns, a sua saída deve ser imediata, para outros (que influência teve a conquista do título nesta pequena mudança!), é uma situação que deve ser revista, que Vítor Pereira merece iniciar a próxima época no comando do clube, enquanto uma voz a indicar que é VP o homem certo para o lugar, se ela existe, ainda não foi ouvida. Se é verdade que estivemos perante o pior FC Porto da última década em termos de qualidade futebolística, também convém salientar que a direcção azul e branca não resolveu da maneira mais adequada certos casos de jogadores que se encontravam descontentes, nem colmatou da melhor maneira a posição de avançado-centro (que saudades deixou Falcão aos adeptos portistas), factos com óbvio reflexo no rendimento da equipa. Não acreditamos que Pinto da Costa despeça um treinador campeão, no entanto, isso não implica que VP continue no Porto, já que este processo pode ser gerido de várias maneiras. Dar mais um voto de confiança ao técnico, ou então uma solução mais pacífica, cordial e desportiva, ou seja, explorar a boa ligação de PC a certos empresários de maneira a colocar Vítor Pereira num clube grego ou espanhol. Desta forma a sua saída evitava o rótulo de "despedido" (algo estranho já que foi campeão) e dava espaço à contratação pela via normal (uma maneira ética em relação a VP) de um técnico como Rui Faria, Jesus, Domingos ou Jardim. Deve Vítor Pereira continuar ou abandonar o comando técnico do clube? Dada a divergência de opiniões no seio dos adeptos (algo que Pinto da Costa sempre teve em consideração), tem VP condições para continuar? Como deve Pinto da Costa gerir esta situação, sabendo que na próxima época, ao mínimo deslize, o técnico será logo apupado? E caso o treinador campeão venha sair, quem o deve substituir?
A. Carvalho