Tuesday, March 20, 2012

La Roja: E o excesso de (excelentes) opções para a posição de avançado; Um cenário que claramente distingue a Espanha da dura realidade da selecção portuguesa!

É um problema crónico em Portugal e, ainda que sem as dimensões preocupantes da nossa, Espanha, a pouquíssimo tempo do Europeu, vê-se a braços com dúvidas sobre os nomes dos avançados a escolher por Del Bosque. Por variadíssimas razões. Se Raúl parece já carta fora do baralho, o nome de Fernando Torres voltou 'à baila' com este regresso dos mortos protagonizado no fim-de-semana. Se mantiver o registo, quem sabe. Com David Villa a caminhar a passos largos para a plena recuperação da arreliante lesão pós-Mundial de Clubes, fica também claro que Adrián, avançado do Atlético de Madrid e com uma produção superior a Falcao, e segundo a opinião pública espanhola, não recolhe as preferências para suprir a ausência dos asturiano do Barcelona. Mas atente-se nas possibilidade e no que eles poderão oferecer a La Roja:

Fernando Torres: um dos maiores case study dos últimos tempos no espaço do futebol europeu. Afastado dos golos deste 19 de outubro do ano transacto, voltou a sorrir este fim-de-semana, bisando num jogo a contar para a Taça de Inglaterra. Torres é um jogador capaz de se adaptar a qualquer estilo, táctica, mas será necessário recuperar mentalmente um atleta que já provou ser decisivo. Está tudo lá: trabalho de qualidade, decisões acertadas, às quais terão que ser adicionadas a dose certa de confiança.
Llorente: símbolo máximo do selvático e fleumático Atlhetic Bilbao que espantou a Europa (ou não), derrotando o Manchester United por duas vezes, Fernando Llorente é um habitual nas chamadas à selecção espanhola. Tem um pecúlio razoável de golos esta temporada, e acrescenta mais qualquer coisa caso a Espanha opte por uma mudança forçada na procura do golo. Apesar dos bons atributos, é aquele que menos encaixará no carrossel espanhol. Espantará se ficar de fora.
Soldado: Máximo goleador na selecção espanhola após a absência de Villa. Ainda este fim-de-semana de La Liga somou novo hattrick, desta feita num dos maiores bastiões espanhóis, San Mamés. A sua passagem pelo conjunto de Del Bosque tem como ponto máximo os três golos diante da Venezuela que, pese tratar-se de um amigável, não deixa de ser um bom indicador quanto à adaptação do matador do Valência ao estilo de jogo da Espanha.
Raúl: Deixou de ver o seu nome como máximo anotador na selecção, mas continua a mostrar, jornada após jornada, que quem sabe nunca esquece. Dificilmente estará no Europeu, mas todos nós apostamos que Paulo Bento prometeria mudar de penteado se Raúl se pudesse naturalizar português.
Negredo: A par de El Niño, aquele que pior rendimento apresenta esta época. Sabe ser garante de golos, mas as opções passarão, à partida, por outros nomes. Apesar disso, trabalho sempre meritório quando chamado a intervir pelo técnico Del Bosque.
David Villa: a dúvida passará apenas pela sua condição física, já que tecnicamente todos sabem o que pode oferecer a este conjunto. Aquando da sua lesão, descartou-se imediatamente a sua participação no Europeu, mas Villa tem vindo a saltar etapas na recuperação, e já parece reunir algumas vozes de notáveis em Espanha a pedir a sua chamada para a prova continental máxima.
Adrián: de promessa no Deportivo da Corunha, a referência no Atlético de Madrid, que se julgava ir viver apenas às custas do nome que Falcao trazia consigo. Expectativa justa, depois do que fez em Portugal. Adrián soube sair da sombra e tornar-se, por mais do que uma, duas, três vezes, a bússola do golo colchonero. Pelo momento que vive, será tentador tê-lo em conta para a lista final entregue a 15 de maio.

Obviamente que a Espanha, e a forma especial como joga, poderá fazer emergir outro género de soluções, como o faz o Barcelona, sem um 9 de referência. Elementos ágeis tacticamente para isso não faltam, como são os casos de Iniesta ou Fábregas, assim como Silva, do Manchester City. Porém, é sempre importante ter na lista alguém familiarizado com o golo, que não passe por uma mera adaptação.

Ora, fazendo uma comparação com a realidade da selecção portuguesa (e sim, se queremos vencer o Euro 2012 temos de nos comparar com os melhores) percebemos que as opções que temos são escassas e nem de perto se aproximam da qualidade evidenciada na La Roja. Nélson Oliveira apenas agora está a ganhar o seu espaço no Benfica, Postiga milita no último classificado da La Liga e Hugo Almeida nem sempre é titular no Besiktas, aliás duvidamos que no final da época a soma de golos dos 3 avançados se aproxime sequer do que Soldado vai alcançar esta temporada em termos de finalização. Como se explica estas duas realidades?  Aliás, selecções como a França, Holanda, Alemanha, Itália, Inglaterra apresentam igualmente mais e melhores soluções que a nossa selecção em termos de avançados (não temos dúvidas que o 4º ou 5º melhor avançado de cada um destes países seria titular de caras no conjunto de Paulo Bento, o que é manifestamente grave)? O que Portugal deve fazer para melhorar este cenário? Que avançados Del Bosque deverá levar ao Europeu? 

A. Borges