Thursday, March 22, 2012

Iturbe: A política/gestão do FC Porto em relação ao 'Mini-Messi' é apenas mais uma prova do desastre que tem sido a abordagem dos azuis e brancos à presente temporada

Cautela é o que se pede quando se fala da situação de Iturbe no F.C. Porto. Não serão discutidas as potencialidades do argentino, muito menos aquilo que ele poderia oferecer a Vítor Pereira neste momento. O dossier do 'Mini-Messi' foi tratado de forma errónea pelos próprios responsáveis portistas desde o início. Talvez cativados pelas demonstrações absurdas de talento com a nacional argentina sub-20, talvez pela necessidade de mostrar, desde logo, acerto numa contratação no mercado sul-americano, depois da partida do último expoente máximo oriundo daquele continente, Falcao. Iturbe não chega nas mesma condições mediáticas que Kelvin, ou Atsu, à equipa principal do F.C. Porto. Estes vêem logo o seu destino traçado em plena pré-época: iriam rodar, mostrar que aquele futebol que os trouxe até à Invicta fazia sentido no nosso país. Não foi um mau julgamento a contratação do jovem recrutado ao Cerro Porteno. Afinal de contas, o rapaz mostrava dotes difíceis de encontrar em alguém com tão curta idade. A decisão dos dirigentes portistas (Vítor Pereira até aqui ainda isento de culpas) começa a ser pecaminosa quando o método adoptado para a sua utilização nos jogos roça a nulidade. Convém não esquecer que Iturbe custou quase 5 milhões de euros por apenas uma parcela do passe. Um jovem atleta para evoluir, tem que jogar. Não vem nos livros, é factual. Os 110 minutos de jogo do argentino são na sua maioria registados na deslocação a Pêro Pinheiro, encontro onde foi substituído ao intervalo, por lesão. Continuando no tema minutos, é impossível não reparar no crime, no autêntico disparate que foi o seu lançamento no último desafio dos dragões diante do Benfica. Ok, era para a Taça da Liga, o F.C. Porto desde sempre assumiu que rodaria elementos com parca utilização. Ok, grandes jogadores supostamente aparecem em grandes jogos, mas...a 5 minutos do fim?! Soou mais a um fracassar da resiliência de Vítor Pereira (aqui começa a sua quota-parte no cartório) perante a insistência da comunicação social sobre a invariável ausência de Iturbe das convocatórias azuis. Soou a tentativa desesperada de calar as vozes que se erguem contra a não-utilização de Iturbe. Mas sobre os erros e as vacilações de Vítor Pereira aos microfones já estamos conversados.

Os constantes protestos do jovem nas redes sociais não serão tão descabidos quanto isso. Uma pessoa só se frusta, nestas condições, quando de antemão lhe é prometida uma situação que não esta que ele vive. Walter Perazzo, seleccionador dos sub-20 argentinos, vai fazendo questão de relembrar o F.C. Porto que "o atleta está nos planos da Argentina para o Mundial 2014". Volta, hoje, a ser convocado para a categoria referida para jogos a realizar em Espanha, e África. De certeza que já foi objecto de debate, que é uva mais que repisada, mas, se tem valor para representar uma das maiores potencias da formação a nível mundial, se vemos contentores de jogadores com a mesma idade a jogar, aqui e ali, nos seus clubes, se a própria Federação Argentina afirma contar com ele para o próximo Mundial...porque não joga Iturbe no F.C. Porto mais tempo?

Como se explica esta gestão de Iturbe? Deveria o Porto ter emprestado o argentino como fez com Atsu (com os resultados que se conhece)? Conseguirá o 'Mini-Messi explodir' no Dragão na próxima época? Ou a maneira como todo este processo foi gerido (que culminou com esta utilização estranha no Estádio da Luz) é apenas mais uma prova de como os azuis e brancos tem abordado mal a presente temporada (desde o maior orçamento de sempre não chegar para um avançado de qualidade, à questão do treinador, aos jogadores contrariados)?

A. Borges