Tuesday, March 20, 2012

Benfica na final da Taça da Liga; Uma 1ª parte diabólica (as defesas cometeram muitos erros), o Porto chegou ao 2-1, mas depois houve muito Cardozo para tão pouco Mangala

Benfica 3-2 FC Porto (Maxi Pereira 4´, Nolito 43´e Cardozo 77´; Javi Garcia a.g. 8´e Mangala 17´)

O Benfica está na final da Taça da Liga (4ª presença consecutiva), depois de derrotar o FC Porto numa partida bastante emotiva. Ao contrário do que aconteceu no jogo para o campeonato, o Benfica marcou primeiro, permitiu a reviravolta dos dragões, mas depois voltou a passar para a frente do marcador. Um resultado justo para o que se verificou ao longo dos 90 minutos, com o Benfica mais esclarecido durante grande parte do tempo, enquanto que o FC Porto esteve por cima por apenas 20-25 minutos do primeiro tempo. Maxi Pereira foi o melhor jogador em campo, Cardozo entrou e decidiu a meia final, enquanto que Moutinho foi o melhor dos dragões (Hulk esteve bastante apagado).

A partida começou praticamente com o golo encarnado, por obra de Maxi Pereira. O Benfica pressionou a saída de bola dos dragões, recuperou rapidamente a bola e Bruno César serviu o uruguaio para o 1-0. A resposta dos dragões não tardou, com Hulk a colocar o lado esquerdo da defesa do Benfica em atenção e a servir Lucho para o remate certeiro do argentino (a bola não ia na direcção da baliza, mas sofreu um desvio de Javi Garcia. Os dragões partiram para o controlo da partida, com Álvaro Pereira a falhar logo de seguida o 1-2. Aos 17´, os dragões passam mesmo para a frente do marcador, depois de um livre marcado por Moutinho. Mangala subiu mais alto e cabeceou para o fundo das redes do Benfica. Pouco tempo depois, foi Lucho a tentar um chapéu a Eduardo, Sapunaru a rematar com força para defesa do guarda-redes português e Alex Sandro a surgiu sozinho na área do Benfica (cruzou sem qualidade). A resposta dos encarnados surgiu nos últimos 12´da primeira parte, com 3 bolas enviadas aos ferros da baliza de Bracali (Luisão à trave, o mesmo jogador ao poste esquerdo do guarda-redes brasileiro e depois Aimar ao poste direito). O 2-2 surgiu bem perto do intervalo, num lance de bola parada, onde Javi Garcia aparece sozinho para cruzar para o peito de Nolito. No lance seguinte, o extremo espanhol, bem colocado na área (após canto), remata para fora.

O segundo tempo foi bem mais calmo do que o primeiro e começou logo com uma excelente oportunidade para os dragões. Lucho surgiu sozinho na área, mas estava desequilibrado e rematou para fora. Jorge Jesus lançou Cardozo e Gaitán (para além de Saviola), enquanto que Vítor Pereira colocou em campo James e Janko (mais Iturbe perto do final) e foi depois da entrada do extremo argentino do Benfica, que os encarnados estiveram mais esclarecidos durante a última meia hora de jogo. Foi mesmo Gaitán a fazer a assistência para o golo de Cardozo, à passagem dos 77´. O avançado paraguaio foi lançado em profundidade, ganhou o sprint a Mangala e rematou rasteiro para o fundo da baliza de Bracali. Até final, os dragões tentaram chegar à área encarnada, mas sem sucesso, enquanto que Bracali ainda defendeu com grande dificuldade um remate de Luisão.

Destaques:

Jorge Jesus - Acabou por vencer a partida com as substituições que efectuou. Gaitán deu outra dinâmica e Cardozo foi decisivo. Destaque igualmente para o facto deste encontro provar algo que o VM afirma há muito tempo: este Benfica é fortíssimo nas situações de bola parada (característica que no futebol actual é cada vez mais importante).

Vítor Pereira - Apostou no melhor 11 disponível (considerando o que James tem produzido quando é titular a aposta em Alvaro e Alex Sandro no corredor esquerdo fez todo o sentido). Acertou igualmente nas substituições (Lucho estava a ser uma nulidade e James podia dar outra velocidade no meio), mas a verdade é que à excepção de bons 20 minutos na 1ª parte, este FC Porto voltou a produzir muito pouco. A juntar ao pouco futebol, os azuis e brancos foram infantis na defesa e não tiveram capacidade para ter bola no ataque.

Maxi Pereira - Melhor jogador em campo. Uma autêntica locomotiva no lado direito, não parou durante os 90´, criou dificuldades à defensiva portista e ainda juntou à sua exibição um excelente golo.

Javi/Witsel - Em termos defensivos a dupla encarnada esteve praticamente intransponível. O belga foi menos exuberante ofensivamente que é habitual, mas acabaram por ser duas das exibições mais positivas dos encarnados.

Nolito/Bruno César - O espanhol marcou 1 golo, o brasileiro fez a assistência para o 1-0, mas ambos acrescentaram pouco nos corredores.

Luisão/Jardel - O capitão do Benfica mostrou a sua qualidade nas bolas paradas ofensivas e rematou por duas vezes aos ferros da baliza de Bracali, enquanto que o seu colega do centro da defesa cometeu algumas falhas defensivas, que poderiam ter sido fatais.

Cardozo - Substitui um esforçado (mas pouco produtivo) Nélson Oliveira e voltou a demonstrar que é (apesar de ser constantemente assobiado pelos próprios adeptos) um dos melhores avançados de sempre do Benfica e de longe o melhor avançado centro a actuar em Portugal. Bateu Mangala em velocidade, fez um grande golo (já se está a tornar habitual marcar ao FC Porto) e decidiu a partida.

Gaitán/Capdevila - O argentino acrescentou outra dinâmica ao futebol encarnado e assistiu Cardozo para o 3-2; enquanto que o espanhol (em especial na 2ª parte) ganhou praticamente todos os lances que dividiu com Hulk e demonstrou mais uma vez (mesmo não tendo dado profundidade, algo que nos parece uma condição de JJ para dar mais espaço a Maxi) que é claramente o melhor lateral esquerdo dos encarnados.

Benfica - A 4ª presença consecutiva na final, apesar desta prova desportivamente ter pouco interesse, a verdade é que (como referíamos na antevisão) pode proporcionar ao clube da Luz a conquista de pelo menos um título esta época.

Mangala - O grande protagonista da partida. Definiu mal uma saída de bola, o que permitiu ao Benfica chegar ao 1-0, fez o 2-1 com um bom golo de cabeça e fechou o jogo com uma falha fatal ao abordar mal, em termos técnicos e de velocidade, uma bola com Cardozo, algo que o paraguaio aproveitou para fazer o 3-2 final. Voltamos a referir que apresenta um potencial enorme (hoje fez vários cortes, inclusive em termos de antecipação, que provam isso mesmo) mas ainda comete erros na saída de bola (hoje os exemplos foram vários) e na abordagem aos lances dignos de um jogador dos infantis.

Sapunaru/Moutinho - As duas melhores unidades do Porto. O lateral foi inclusive o elemento mais perigoso na 2ª parte, enquanto que o médio, principalmente no 1º tempo, encheu o campo.

Bracali/Hulk - Exibições peculiares. O guardião, apesar de não ter tido culpa nos golos, desde o 1º minuto que procurou perder tempo na saída de bola (algo que não se percebe, pois caso o encontro terminasse empatado teria lugar a marcação de grandes penalidades); enquanto que o Incrível apesar de ter contribuído para o 1-0 e para os bons 20´ do FC Porto, acabou por passar ao lado do jogo. Não conseguiu desequilibrar, quando o conseguiu falhou ao nível do remate e acabou por decidir quase sempre mal.

Alex Sandro - Um jogador que na nossa opinião apresenta um potencial (principalmente em termos técnicos) para ser um dos melhores do Mundo na sua posição. Hoje devido a essa sua mais-valia ofensiva contribui de maneira decisiva para os bons 20´ do FC Porto, desequilibrou e criou várias oportunidades que podiam ter permitido aos azuis e brancos chegar ao 3-1. Contudo, em termos defensivos tem de melhorar muito. Denota ainda muita displicência na abordagem aos lances.

FC Porto - Resta o campeonato ao maior orçamento de sempre do futebol português. VP desde cedo, com uma aposta nos melhores jogadores, demonstrou que queria vencer a Taça da Liga, mas a verdade é que os azuis e brancos (que até tinham um ascendente psicológico sobre o rival, o tal complexo de inferioridade que parecia haver por parte do Benfica em relação aos dragões) não conseguiram dar um pontapé no mau futebol e saíram justamente derrotados da Luz.