O Chelsea venceu em Munique o Bayern num encontro muito emocionante e conquistou pela 1ª vez na sua história o troféu da Champions League. Um resultado bastante injusto, já que os anfitriões tiveram um domínio aterrador (quase 30 remates, 20 cantos, mais posse de bola) e justificavam outro resultado. A ironia do futebol é que a turma londrina alcança finalmente o ceptro tão desejado (Abramovich é recompensado por aquilo que investiu) com um treinador "adjunto", na casa do adversário e a praticar um futebol miserável.
Em relação à partida, o Chelsea cedeu a iniciativa ao Bayern (durante todo o encontro fez 2 remates à baliza) e acabou por ter a felicidade do encontro, que nem sempre foi bem jogado. Os bávaros pressionaram bastante, mas estiveram muito perdulários na finalização e não souberam gerir a vantagem alcançada já perto do final. O tento da equipa da casa foi apontado por Müller, num cabeceamento ao segundo poste. No entanto, Didier Drogba, num golo à sua imagem, igualou a final quando todos pensavam que o vencedor estava definido. No prolongamento, os londrinos até entraram mais confiantes, mas o marfinense cometeu grande penalidade sobre Ribéry. Robben, tal como na decisão do título frente ao Dortmund, não a conseguiu concretizar e deu ainda mais esperança aos comandados de Di Matteo. A partida seguiu então para as grandes penalidades. Dois enormes guarda-redes (Neuer defendeu um penalty, Petr Cech dois) mas o checo acabaria por ser mais decisivo. Schweinsteiger (ele que havia acabado com a eliminatória em Madrid) atirou para um ligeiro toque do guardião contrário para o poste, cabendo a Drogba marcar o golo que deu o título ao Chelsea. Um jogo em que os londrinos tiveram a estrelinha do seu lado (o Bayern teve 20 cantos e não aproveitou, os Blues só tiveram um e marcaram), nada fizeram para ganhar e seguramente que daqui a uns anos, apesar de o nome do vencedor ficar para a história, poucos se lembrarão desta equipa.
Destaques:
Chelsea - Uma vitória "à la Grécia". Os londrinos sagram-se campeões de uma prova em que não foram superiores a nenhum dos adversários (Benfica, Barça e Bayern) e com uma postura excessivamente defensiva (são um dos clubes mais ricos do mundo, têm muitos argumentos e não se justifica). Nesta final, a surpresa foi Bertand, incluído no 11 titular apenas para travar Lahm. A ausência de Ramires retirou qualidade nas transições, o que fez com que a estratégia de Di Matteo fosse procurar Drogba através do jogo directo. Estiveram muito bem em termos defensivos, mas a nível ofensivo praticamente não existiram. Apesar de tudo, é de destacar a entrega e o espírito de sacrifício dos jogadores, principalmente dos mais experientes (Lampard, Drogba, Cole). Tal como o Liverpool há alguns anos, é numa fase em que não estão bem internamente que conseguem chegar ao título europeu.
Drogba - Se havia jogador do Chelsea que merecia esta vitória, esse jogador é o costa-marfinense. Durante a maioria do tempo de jogo esteve mais interventivo em tarefas defensivas (a nível de bolas paradas foi importantíssimo) do que em termos de ataque, mas um cabeceamento cheio de alma já perto do fim foi decisivo para manter os blues na luta. No prolongamento foi infantil na grande penalidade cometida, compensando depois na cobrança que lhe deu um justo prémio de carreira.
Petr Cech - Já não faz sentido dizer que a lesão afectou a sua carreira. Hoje foi um dos melhores em campo, fez inúmeras defesas (algumas nem parecem complicadas devido ao seu excelente posicionamento), defendeu um castigo máximo no tempo regulamentar e foi o herói nas grandes penalidades.
Lampard/Ashley Cole - Jogo de grande sacrifício para dois dos jogadores mais experientes do Chelsea. O médio actuou à frente da defesa, desempenhou um papel notável ao nível da recuperação e foi importante na gestão da posse de bola. Quanto ao lateral, foi um dos melhores em campo, falhando apenas no lance do golo do Bayern. Marcaram ainda as suas grandes penalidades.
David Luiz/Cahill - Excelente exibição da dupla de centrais. Anularam por completo Mario Gómez, estiveram seguros no timing de entrada à bola e fizeram cortes providenciais.
Bosingwa - Exibição competente. Algumas dificuldades com Ribéry (normais devido à qualidade do francês), mas no geral cumpriu e demonstrou que Portugal não se pode dar ao luxo de abdicar deste tipo de jogadores em competições como o Euro 2012. Os nossos parabéns não só ao lateral, mas igualmente a Hilário, Meireles e Paulo Ferreira.
Bosingwa - Exibição competente. Algumas dificuldades com Ribéry (normais devido à qualidade do francês), mas no geral cumpriu e demonstrou que Portugal não se pode dar ao luxo de abdicar deste tipo de jogadores em competições como o Euro 2012. Os nossos parabéns não só ao lateral, mas igualmente a Hilário, Meireles e Paulo Ferreira.
Di Matteo - Incrível. Não foi Mourinho, nem Ancelotti, nem Hiddink. Foi o italiano que pela primeira vez conseguiu levar o Chelsea à conquista da Champions League, após substituir Villas-Boas no comando técnico da equipa. Mérito pela recuperação anímica do plantel, nomeadamente dos jogadores com mais peso em termos de balneário. E agora, terá Abramovich coragem para o despedir?
Abramovich - Depois de um investimento assombroso, o magnata russo alcança finalmente o prestigiado troféu que há muito desejava. Esta vitória poderá ser um fim de ciclo para grande parte do plantel ou, pelo contrário, levará a que a estratégia para a próxima época seja repensada?
Bayern - Foi a época do quase para os bávaros ( a fazer lembrar a que o Sporting protagonizou em 2004/2005). Perderam a Bundesliga, a Taça e agora são derrotados em casa numa competição em que apostaram tudo. Na verdade mereciam ter vencido, mas o futebol não é uma ciência exacta e a turma de Heynckes falhou nos momentos decisivos. A posse de bola e o número de remates não se traduziram em golos, as bolas paradas não foram bem aproveitadas, Robben desperdiçou um penalti no prolongamento e do lado contrário esteve uma equipa bastante aguerrida que teve a estrelinha desta final.
Robben - Esteve muito activo, mas pouco objectivo na definição dos lances. O holandês não está seguramente no melhor momento da carreira, fazendo uma época bem distante daquilo que já mostrou. Numa final, não se pode falhar um penalti (fez o mesmo na decisão do título em Dortmund).
Ribéry/Gómez - O francês esteve mais uma vez a um nível estrondoso, sendo da sua autoria os melhores lances de ataque do Bayern; já o bombardeiro alemão teve pouco espaço e nas ocasiões que teve não esteve ao seu nível na finalização.
Bertand/Contento - Foram as surpresas dos dois treinadores, mas protagonizaram exibições bem diferentes. O lateral do Chelsea actuou exclusivamente com a missão de anular Lahm, cumprindo, sem deslumbrar. Já o italo-germânico, deu bastante profundidade pelo flanco esquerdo e não teve problemas em termos defensivos.
Messi - Pelo 4º ano consecutivo, o astro argentino é o melhor marcador da Liga dos Campeões, dado que Mario Gómez não fez o gosto ao pé nesta final. Com 14 golos, igualou Altafini como o jogador com mais golos marcados numa só época na maior prova de clubes a nível europeu.
Pedro Proença - Uma arbitragem que dignificou o futebol português. O juiz da partida não cometeu erros graves (o penalty é bem assinalado), esteve bem no capítulo disciplinar (apenas uma falha em não admoestar Bosingwa) e sai desta final com nota positiva.
Braga - Com a vitória do Chelsea, os minhotos escapam à 3ª pré-eliminatória de acesso à fase de grupos da competição do próximo ano e disputarão apenas o playoff. Para além disso, encaixam 2,1 milhões de euros.
Liga dos Campeões - Dado que a RTP perdeu os direitos de transmissão da competição para o próximo ano, agora ou na Sporttv ou na...TVI.