Antonio Conte, Sá Pinto e Diego Simeone, têm mais coisas em comum do que se possa pensar. Todos originários de países de descendência latina, jovens, apresentam praticamente a mesma idade (Sá Pinto é o mais novo, com 39 anos, enquanto que os outros dois têm 42), e assumiram esta temporada (no início ou no desenrolar da mesma), o comando técnico de clubes, pelos quais já haviam vestido a camisola, como jogadores. Outro aspecto a salientar, é o facto de como jogadores profissionais, além de se caracterizarem pela raça e garra com que jogavam, este trio ter também sido campeão nacional, em cada um dos respectivos conjuntos. Conhecedores dos clubes como poucos, portanto.
Vejamos mais em pormenor. Sá Pinto assumiu o comando técnico da equipa principal de Alvalade em Fevereiro. Era na altura um Sporting perdido, sem chama, sem fio de jogo, que se encontrava no 5º lugar do campeonato, com perspectivas de ficar em 6º e de ser triturado (como muitos comentadores afirmaram) na Liga Europa. Com o novo treinador, a equipa leonina ganhou claramente outra dimensão. Termina o campeonato a lutar pelo 3º lugar a duas jornadas do fim, realiza uma excelente campanha na Liga Europa (apenas eliminada nas meias finais, após afastar equipas como o City da competição), e pode ainda vencer a final da Taça de Portugal. Verificou-se acima de tudo, outra atitude, outra garra, outra motivação. Será caso para perguntar...as coisas poderiam ter sido diferentes caso Sá Pinto tivesse iniciado a época (em termos pontuais parece que sim, já que o clube leonino foi o 2º que mais pontuou desde que o ex-avançado assumiu a função)? Em termos de futuro, parece claro que desde que tenha matéria-prima para tal (os leões precisam de fazer vários ajustes neste defeso e o técnico leonino merece ser recompensado com jogadores de outra qualidade) não é pela falta de qualidade técnica, táctica e de liderança a partir do banco que o Sporting vai deixar de alcançar os seus objectivos. Já Antonio Conte, foi nomeado técnico principal da Juventus no início da presente temporada. Uma "Vecchia Signora" a tentar voltar ao seu posto, após várias épocas aquém das expectativas. Ex-jogador dos bianconeri (carreira recheada de títulos, dos quais se destacam 5 ligas italianas e uma Liga dos Campeões), Conte, injectou o sangue novo para que a Juventus voltasse ao sucesso e principalmente deu coesão (equipa menos batida da Liga), afastou vaidades (nos últimos anos a Juve apresentou sempre bons plantéis, mas muitos jogadores não dignificavam a camisola) e emprestou a sua liderança desde o banco. Conquistou até ao momento o campeonato, podendo ainda alcançar a dobradinha, pois irá defrontar o Nápoles na final da Taça de Itália. Por fim, Diego Simeone, foi eleito substituto de Gregorio Manzano, já a época ia avançada. Encontrou um Atlético de Madrid em claro mau momento (de resultados e anímico). Conhecedor profundo do clube (actou 4 temporadas e meia, no total, com a camisola dos colchoneros, tendo alcançado uma histórica dobradinha), recuperou os jogadores e a sua confiança, colocando neste momento o Atlético a disputar a última vaga de acesso ao play off da Liga dos Campeões (algo muito distante quando chegou), bem como conquistou ainda esta semana a Liga Europa. Estamos perante um claro benefício para as respectivas equipas, a chegada destes 3 treinadores ao comando técnico das mesmas. Os excelentes resultados, abrem ainda boas perspectivas de futuro, assegurando a tranquilidade necessária, para uma boa planificação da próxima temporada. Poderemos inclusivamente estar perante o principio de um fenómeno que era muito habitual antigamente (os jogadores da casa passarem a treinadores), facto que com o tempo se perdeu. Na sua opinião, o principal mérito nas mudanças destas 3 equipas é dos seus 3 treinadores? Depois de já ter batido alguns recordes recentes do clube leonino (5ª presença numa meia-final europeia) conseguirá Sá Pinto levar o Sporting ao título na próxima época? Caso tivesse iniciado a temporada, poderia Simeone ter colocado o Atlético no terceiro lugar de La Liga (considerando os 2 primeiros lugares inacessíveis a qualquer outro conjunto neste momento)? Dará outra motivação ao jogador, estar a ser treinado por alguém que já foi um símbolo do clube? Até que ponto este "fenómeno" (jogadores da casa passarem a treinadores) poderá evoluir nos próximos tempos?
A. Carvalho