Monday, April 9, 2012

Sporting mais forte no "derby" derrota o Benfica e deixa os encarnados mais longe do título; Sá Pinto continua a marcar pontos (o clube leonino somou mais e melhores oportunidades, foi superior em termos técnicos e tácticos, e até justificava um triunfo com outros números); Jesus apresentou uma equipa com pouca intensidade e sem ligação, está perto de falhar o objectivo principal para esta época e complicou a "sua vida" no comando das águias

Sporting 1-0 Benfica (Wolfswinkel 18´ g.p.)

Os leões voltaram a vencer um derby contra o rival Benfica, depois de 3 anos sem vitórias (8 jogos). Com este resultado, o Sporting subiu ao 4º lugar, enquanto que os encarnados ficaram a 4+1 pontos do FC Porto, estando perto de falhar o principal objectivo da temporada (a chegada aos quartos-de-final da LC e a possibilidade de conquistar a Taça da Liga não chegam para disfarçar a má época do Benfica). Sá Pinto foi bastante astuto na abordagem ao derby, jogando num bloco médio-baixo, com as linhas de passe fechadas, algo que impediu o Benfica de explorar as transições rápidas (teve mais posse de bola, mas com zero de intensidade, ligação entre sectores e clarividência nos processos). Os leões aproveitaram bem o contra-ataque, onde criaram sempre perigo à defesa encarnada, foram superiores em termos técnicos e tácticos, mais agressivos e intensivos, conseguindo um triunfo justo (resultado algo escasso, considerando as inúmeras oportunidades de golo da turma leonina e que valoriza a super-exibição de Artur). Luisão e Garay mostraram não estar na melhor condição física (Wolfswinkel deu grande trabalho à dupla, através da sua velocidade), enquanto que Elias, Matias Fernandez, Wolfswinkel (criou os desequilíbrios, marcou o golo, embora tenha falhado as melhores ocasiões de aumentar o marcador) apresentaram-se em excelente nível.

A partida teve um início equilibrado e praticamente sem grandes oportunidades de golo. Javi Garcia testou a atenção de Rui Patrício, enquanto que do outro lado, Matias Fernandez e Capel remataram para fora em boa posição. Aos 18 minutos surgiu o único golo da partida, depois de um lançamento longo de Insua para Wolfswinkel. O holandês escapou a Luisão e depois foi puxado pelo brasileiro dentro da área. O avançado do Sporting não perdoou na marca dos 11 metros e fez o 1-0 para os leões. Até ao intervalo, a reacção dos encarnados nunca colocou em perigo a baliza de Rui Patrício, com os leões a controlarem os acontecimentos a meio campo.

O início do segundo tempo começou com uma ocasião de golo para o Sporting, com Wolfswinkel a rematar para boa intervenção de Artur. Na resposta, o Benfica dispôs da única ocasião clara de golo em todo o jogo. Djaló incomodou Rui Patrício e Xandão, a bola sobrou para Cardozo (cabeceou para corte de Xandão) e finalmente para Maxi, que viu Insua tirar sobre a linha de golo o seu cabeceamento. O Benfica arriscava no ataque (sem grande intensidade e perigo), mas era o Sporting que chegava com perigo junto da baliza de Artur. Num espaço de 8 minutos, Schaars (após excelente jogada de Izmailov), Wolfswinkel (isolado por um passe errado de Javi Garcia) e Izmailov (grande remate de fora da área) podiam ter "matado" o jogo, contudo, Artur nas duas primeiras ocasiões, e a trave na terceira, impediram o avolumar do marcador. Pouco tempo depois, foi novamente Wolfswinkel a desperdiçar. O holandês foi isolado por Elias, fintou Artur, mas rematou em desequilíbrio, o que permitiu o corte de Garay. No minuto seguinte, Djaló, bem servido por Gaitan, rematou com grande perigo para Rui Patrício (a bola saiu perto do poste). Até final, o Benfica tentou várias vezes chegar ao golo através de bolas paradas (a defesa do Sporting não deu grandes hipóteses neste aspecto), mas foi Izmailov e Matias a colocarem de novo Artur à prova.

Destaques:

Benfica - Os encarnados poderão ter ficado definitivamente afastados da luta pelo título, mas não foi pela partida de Alvalade que esse mesmo título fugiu. Depois de ter 5 pontos de vantagem para o FC Porto, o Benfica perdeu em Guimarães, empatou em Coimbra e depois perdeu em casa com os dragões. Foi nesse ciclo de 3 jogos (1 ponto em 9 possíveis) que o campeonato terá sido perdido. Agora, resta aos encarnados vencer a Taça da Liga e os restantes 4 jogos da Liga, na expectativa de ver 2 deslizes do FC Porto e não permitir a subida do Sp. Braga ao 2º lugar.

Jorge Jesus - Para quem precisava de ganhar a partida, o Benfica tinha que fazer muitos mais do que fez em Alvalade. Ocasiões de golo contam-se apenas duas (Maxi e Djaló), o que a juntar à falta de frescura física e a uma gritante falta de intensidade resultaram numa derrota justa. O treinador encarnado não conseguiu mudar os acontecimentos e o Benfica foi anulado pela táctica de Sá Pinto.

Sporting - Superou a barreira psicológica frente ao Benfica, demonstrou mais uma vez (que apesar de algumas limitações) que apresenta um plantel que teria permitido lutar pelo título esta época (não tivesse sido a aposta em Domingos), e voltou a evidenciar uma coesão defensiva (2ª defesa menos batida da Liga) e uma capacidade física (equipa com mais encontros em Portugal esta temporada) notável.

Sá Pinto - Continua a demonstrar a sua qualidade como treinador, a marcar pontos e a fazer história. "Pegou" num conjunto infantil a defender, sem fio de jogo e com zero em termos de confiança, e revolucionou positivamente os leões. Hoje, mais uma vez, a vitória dos leões teve o dedo técnico e táctico do treinador leonino. Excelente a maneira como condicionou o adversário e explorou as fraquezas do Benfica.

Elias - Uma das melhores exibições ao serviço dos leões. A médio defensivo "secou" Rodrigo, com a sua velocidade equilibrou o Sporting e funcionou como o 1º elemento na transição ofensiva, e encheu o campo.

Matias - "Vulgarizou" Javi Garcia, desequilibrou com a sua técnica e não fosse Artur podia ter somado à sua excelente exibição um golo.

Rui Patrício/Schaars - O guardião leonino praticamente não foi colocado à prova. Na 1ª parte só fez uma defesa, no 2º tempo destaque para duas falhas de comunicação com a sua defensiva (uma delas deu a Maxi a melhor oportunidade do Benfica); já o holandês apesar de ter acrescentado intensidade ao meio campo leonino, esteve algo instável ao nível do passe. Podia ter juntado igualmente o seu nome ao marcador, não fosse uma defesa de grande nível de Artur.

Wolfswinkel - Foi o grande protagonista da partida (não o melhor em campo). Marcou o único golo do jogo, com a sua velocidade criou muitas dificuldades a Luisão e Garay (bateu os 2 inúmeras vezes), desequilibrou, mas as várias oportunidades claras de golo (isolado só com Artur pela frente) que desperdiçou acabaram por manchar a sua exibição.

Insúa/Capel - Duas excelentes exibições. O argentino esteve competente defensivamente e juntou à desmarcação que permitiu a Wolfswinkel ganhar a grande penalidade, um lance onde tirou em cima da linha o golo a Maxi; Já o espanhol fez o melhor jogo "grande" desde que está no Sporting. Mais interventivo, mais em jogo, ainda protagonizou 2 bons remates.

Izmailov - Mais um jogo onde espalhou classe e uma capacidade de decisão superior aos demais. Excelente a fechar os espaços, destacou-se ofensivamente pela maneira como apresentou uma superior clarividência a perceber os momentos de jogo, rematou de maneira espectacular à barra (um remate incrível) e ainda serviu Schaars, depois de uma excelente jogada individual, para o remate do holandês (defendido por Artur). Destaque igualmente para o facto do russo com o seu 1m70 marcar Luisão (1m93) nas bolas paradas defensivas dos leões.

Polga/Xandão - Anularam por completo Cardozo e se o meio campo do Sporting com a intensidade que evidenciou deu o triunfo aos leões, foi a defensiva leonina (destaque principalmente como defenderam as bolas paradas) que segurou a vitória da turma leonina.

Artur - O guarda-redes brasileiro foi o melhor elemento em campo, efectuando várias defesas de grau de dificuldade elevado. Após uma primeira parte tranquila, o segundo tempo trouxe as oportunidades de golo para o Sporting, que foram negadas pelo brasileiro (defesas a remates de Wolfswinkel, por duas vezes, Schaars, Izmailov e Matias).

Witsel - O belga bem tentou remar contra a maré, mas sozinho foi impossível dar outro rumo ao jogo. No entanto, alguns bons pormenores na saída de bola, raramente aproveitados pelo ataque.

Yannick Djaló - O ex-Sporting entrou ao intervalo e mexeu um pouco com o ataque do Benfica. Esteve bastante interventivo, originou o melhor situação de golo para os encarnados (Cardozo e Maxi deram sequência, mas Insua cortou sobre a linha de golo) e ainda podia ter visado com mais perigo a baliza de Rui Patrício (um remate perto do poste e dois cabeceamentos inofensivos).

Javi Garcia - Uma exibição completamente falhada do espanhol, que permitiu grande liberdade a Matias (foi inúmeras vezes ultrapassado pelo chileno), esteve mal na pressão e ainda errou no capítulo do passe (inclusive, isolou Wolfswinkel, num lance que podia ter dado o 2-0).

Luisão/Garay - Mostraram não estar na melhor forma fisicamente, tal a facilidade com que eram ultrapassados por Wolfswinkel. A juntar a isso, o brasileiro cometeu uma grande penalidade infantil e ainda foi expulso perto do final de jogo.

Maxi/Emerson - Muitas dificuldades para travarem os atacantes do Sporting, ao mesmo tempo que revelaram pouca qualidade no apoio ao ataque. O uruguaio podia mesmo ter marcado, contudo, falhou claramente nas intervenções ofensivas, nomeadamente quando tentou ir à linha cruzar.

Cardozo - Completamente perdido na defesa leonina, nem mesmo de livre directo conseguiu entrar na partida.

Bruno César/Gaitan - Eram os elementos que mais podiam esticar o jogo do Benfica para o ataque, contudo, salvo raras excepções, falharam nesse objectivo e assim os encarnados raramente criaram perigo para Rui Patrício.