Wednesday, April 4, 2012

Comentadores televisivos: "O poder de condicionar a opinião; Até que ponto o "coração" afecta a isenção?"

Este gesto por parte de João Gobern, a festejar o segundo golo do SL Benfica no jogo contra o SC Braga, foi o motivo da sua dispensa por parte da direcção de informação da RTP do programa "Zona Mista". Claramente mais uma falha de um comentador televisivo dito "isento" num dos nossos canais. Não é caso único, mas este acabou por ter outras consequências.

Uma situação que levanta duas questões: O poder que este tipo de comentadores/jornalistas e paineleiros tem em condicionar a opinião das pessoas? E até que ponto o seu amor por uma equipa acaba por afectar a isenção dos mesmos quando abordam um tema ligado ao futebol (seja uma crónica de um jogo, a análise a um treinador, jogador e especialmente à arbitragem)? Não vamos ser ingénuos, seja um árbitro, jornalista, jogador, treinador, etc, qualquer individuo que esteja no ou fale de futebol em Portugal à partida está ligado emocionalmente a um clube (pode não ser a um dos ditos "grandes", mas a ligação a esta modalidade advém dessa paixão).

Parece claro a todos, que as pessoas que falam de futebol em Portugal, principalmente na TV, condicionam e muito a opinião generalizada dos seus ouvintes. Aqueles que executam a sua função em directo, conseguem por vezes transformar lances casuais em penaltis claríssimos, jogadores banais em autênticas estrelas ou vice-versa, bem com deturpar a qualidade de certos treinadores. Algo que acaba por mudar a perspectiva dos telespectadores em relação a essas mesmas situações. Por outro lado, na nossa televisão, podemos dividir os comentadores em dois tipos. De um lado, os que assumem claramente qual é a sua cor, estão convidados por determinados programas, para durante a emissão, defenderem o seu clube (Trio de Ataque ou Prolongamento por exemplo). Neste caso, são mais os factos extra-jogo (arbitragens) discutidos, do que propriamente o jogo jogado em si e nem se pode discutir a questão da isenção pois não é isso que está em causa. Do outro, temos os comentadores que se proclamam de imparciais -  e estes sim devem ser visados, pois são os que mais condicionam a opinião das pessoas. Neste lote temos os eleitos para efectuarem a antevisão ou o rescaldo de cada jornada, ou inclusive para comentários durante o próprio jogo. Nesta lista, onde podemos incluir Bruno Pratas, Gobern, Rui Santos, João Rosado, Pedro Henriques (o ex-lateral de Benfica e Porto), Carlos Daniel, Luís Freitas Lobo, João Querido Manha, Manuel Queirós, e os relatadores das partidas, Valdemar Duarte,   Miguel Prates, Paulo Garcia, etc. Deveria ser regra para este tipo de comunicadores: antes do clubismo, tem que vir o profissionalismo. Se aos jogadores e treinadores é exigida concentração durante os noventa minutos, aos comentadores também deveria ser a sua "capacidade de isenção", durante a duração de todo o programa. Contudo, por norma isso não acontece, Gobern deu no último fim-de-semana uma prova disso mesmo, mas já Manuel Queirós tinha feito o mesmo numa situação com James Rodríguez, entre tantos outros casos com diferentes comunicadores que se verificaram no passado. Os comentadores desportivos são parciais ou imparciais? É claro que não conseguem esconder as "suas cores"? Até que ponto a ideia que transmitem durante os jogos ou rescaldo das partidas acaba por condicionar a opinião das pessoas? Que análise faz do actual comportamento dos comentadores de TV e paineleiros? Os mais "conhecedores"? Os mais isentos? Os menos "capazes"? Os menos isentos?

A. Carvalho